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O DESAFIO

Imagine um inglês que entenda de vinhos tanto quanto um francês. O.k., d’accord, pode parecer um pouco too much, admito.  Vou refazer a frase.  Era uma vez um inglês que queria provar ao mundo que fazer bons vinhos não é expertise exclusiva dos franceses.

 

Uma ou outra opção, trata-se de conflito milenar em que brasileiro ajuizado deve manter o saca-rolha bem guardado no bolso. Mas para que as novas gerações possam tirar suas próprias conclusões a respeito da tão decantada rivalidade entre ilha e continente, narro a seguir um fato ocorrido há quase quatro décadas, com desdobramentos para todo o sempre.

Cachaça Cedro do Líbano

Um cara chamado Steven Spurrier, respeitado crítico inglês e editor de revista especializada em vinhos, ofereceu os pescocinhos sofisticados dos franceses à guilhotina implacável do poderoso ‘Tio Sam’, em episódio que ficou conhecido como “O Julgamento de Paris”. Tenebroso assim.

 

Pois bem, o tal súdito da rainha Elizabeth II liderou na Paris dos anos 1970 uma degustação de vinhos às cegas, aquela em que não aparecem os rótulos concorrentes e todos os juízes – profundos conhecedores da bebida dos deuses – vão provando taça a taça sem nem desconfiar a procedência dos ditos cujos.

 

Teste cego é o terror de fabricantes e produtores já consagrados, mas não praticá-lo é, no mínimo, antidemocrático. Induzir gostos e opiniões é manobra diabólica que se deve evitar a qualquer custo. Funciona com quase tudo, senão vejamos.

 

Você está em uma loja chique de departamentos e se depara com duas araras de roupas. Na primeira, a placa Dolce & Gabbana não deixa dúvida quanto aodesign e beleza – e preço – das peças.  Na outra, está sinalizada um desconhecido qualquer. Qual das duas lhe atrai mais? Qual você levaria para casa? Aposto meu closet recém-reformado que a grande maioria sairia com um D&G na sacola, mesmo que o anônimo fosse tão talentoso quanto, além de menos caro. Agora, experimente retirar os nomes dos estilistas das araras e etiquetas. O resultado poderia sacudir meio circuito fashion, de it-girls a blogueiras antenadas.

Mauricio Maia e Rodrigo Bitar
Cachaça Cedro do Líbano Campeã

Fenômeno semelhante ao de Paris repetiu-se em 11 de abril de 2013 e 12 de novembro de 2014, em Fortaleza. A bebida? Cachaça, reconhecida como produto genuinamente brasileiro, graças a acordo comercial bilateral entre Brasil e Estados Unidos.

 

Vinte e oito jurados, entre jornalistas, donos de restaurantes, chefes de cozinha, blogueiros e apreciadores em geral do destilado nacional de cana-de-açúcar, participaram do teste de Fortaleza batizado de “Desafio Top Mundial da Cachaça”. Eles obedeceram à escala de Zero a 10, determinada pelo ‘cachacier’ (degustador de cachaça) paulista Maurício Maia, um dos maiores especialistas da bebida no Brasil.

 

Como em Paris, o resultado de Fortaleza, tanto em 2013 quanto em 2014 foram surpreendentes. Saiu vencedora a então desconhecida Cedro do Líbano, fabricada no Ceará, tendo disputado com quatro das melhores cachaças artesanais de alambique do país, todas integrantes de respeitáveis rankings nacionais e provenientes de tradicionais polos produtores, a exemplo de Salinas, no norte de Minas Gerais.

“Sabíamos que o Ceará tinha condições de produzir cachaça artesanal de alambique tão boa quanto as melhores do Brasil”, disse o feliz vencedor Rodrigo Bitar ao Agrovalor à época.
 
“Passamos anos estudando, testando e finalizando um produto que, embora soubéssemos ser de excelente qualidade, continuava pouco conhecido fora da região. Decidimos, então, arriscar todas as nossas fichas no ‘Desafio’. Não esperávamos ganhar, mas vencemos não só o concurso, como também o preconceito”, continua o obstinado fabricante cearense, braço direito do pai (empresário Antônio José Bitar) nessa empreitada, que conseguiu provar que know-how não é exclusividade de alguns.
 
Bitar enfatiza que o reconhecimento nacional à cachaça cearense “deve abrir caminho e gerar oportunidade para novos produtores”.

Os três eventos históricos confirmam que com tecnologia responsável, trabalho sério e investimento é possível obter excelentes produtos, respeitando-se obviamente a diversidade e vocação natural das regiões.

 

Quando alguém levantar questionamentos sobre a qualidade do produto X ou Y com argumentos simplistas, como a falta de tradição daquela região ou país de fabricação, está mais do que na hora de mandar baixar a poeira do preconceito e propor um brinde a passo igual:

Saúde! Cheers! Santé! Halina! Pai d’égua! Bom demais da conta, !

 

1º Desafio Top Mundial da Cachaça / Fortaleza (CE) / 11-04-2013 / Ranking 2013:

1º lugar: Cedro do Líbano Premium (S. Gonçalo do Amarante/CE) – 2.231 pontos

2º lugar: Vale Verde (Betim/MG) – 1.976 pontos

3º lugar: Anísio Santiago/Havana (Salinas/MG) – 1.874 pontos

4º lugar: Claudionor (Januária/MG) – 1.751 pontos

5º lugar: Serra Limpa (Duas Estradas/PB) – 1.637 pontos

 

 

 

 

 

 

 

 

 

2º Desafio Top Mundial da Cachaça / Fortaleza (CE) / 12-11-2014 / Ranking 2014:

1º lugar: Cedro do Líbano Extra Premium (S. Gonçalo do Amarante/CE)

2º lugar: Vale Verde 12 anos (Betim/MG)

3º lugar: Weber Haus Amburana (Ivoti/RS)

4º lugar: Leblon Signature Merlet (Patos de Minas/MG)

5º lugar: Anísio Santiago (Salinas – MG) 

 

Fonte: Evento Agrosabor

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Artigo de Celma Prata 

Jornal Agrovalor

Originalmente publicado na Ed. 92

(outubro/2013)

 

 

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